domingo, 24 de fevereiro de 2019

E por vezes

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos   E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites   não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos
David Mourão-Ferreira

David Mourão-Ferreira nasceu a 24 de Fevereiro de 1927.



sábado, 23 de fevereiro de 2019

José Afonso

Sempre...



José Afonso (1969)
com a cadela de Rui Pato, o viola que tantas vezes
o acompanhou no princípio da carreira.


domingo, 17 de fevereiro de 2019

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Carlos Paredes

Para Carlos Paredes, tocar era improvisar sempre um pouco.
«É como falar com alguém. É possível que a guitarra também fale... O improviso é o momento em que se cria qualquer coisa.»



Carlos Paredes nasceu a 16 de Fevereiro de 1925, em Coimbra.


Os rankings das escolas

«Todos os anos as escolas portuguesas são ordenadas pelas classificações médias dos alunos nos exames nacionais. Do ponto de vista técnico, estes rankings são uma fraude. Em termos práticos, produzem efeitos contraproducentes. Não é o seu rigor nem as suas implicações que explicam o destaque que os media lhes dão. Os rankings são visíveis porque são polémicos e uma polémica acesa é sempre motivo de notícia. Mas, além de atraírem audiências, para que servem? 
Quando surgiram em Portugal, em 2001, os rankings das escolas reflectiam uma tendência internacional na condução das políticas públicas. A ideia era simples. Numa sociedade complexa em que a comunicação é tudo, os decisores políticos só dão atenção aos temas que aparecem nos media. Para conquistarem o palco mediático, as mensagens têm de ser simples e curtas. Se puderem ser transmitidas em números, tanto melhor.
(...)
Os rankings das escolas ajudaram de facto a atrair as atenções para o problema da qualidade da educação em Portugal. E mudaram o comportamento dos actores do sistema de ensino (alunos, professores, encarregados de educação, directores escolares). Menos óbvia é a bondade destas transformações.»
Eduardo Paes Mamede, DN



De Paulo Guinote, em O Meu Quintal:
  • Prefiro que exista alguma (ou mais) informação do que nenhuma ou excessiva (o chamado Big Data) por vezes destinada a baralhar tudo.
  • Dados apenas dos exames são redutores, em especial no Ensino Básico quando ficaram reduzidos a duas provas no 9.º ano, pois não permitem qualquer tratamento ao longo do tempo, ao nível da coorte de alunos.
  • Os rankings reflectem apenas uma dimensão do desempenho dos alunos das escolas e devem ser enriquecidos com variáveis de contexto (que as escolas privadas não fornecem) que já são divulgadas há alguns anos, antes deste mandato, com destaque para o trabalho do Público nesse particular.
  • Há no ME informação muito vasta que permite caracterizar de forma adequada a realidade de cada escola de forma estatística, mas não a forma como, internamente, se desenvolvem “micro-políticas de avaliação/sucesso”.

«Há três espécies de mentiras: as mentiras, as mentiras sagradas e as estatísticas.»
Mark Twain


Nesta fase, os rankings já "não me aquentam nem me arrefentam"...
Preocupado estou, com o caminho que a educação leva, na esteira daquele que a sociedade segue. 
A realidade escolar não é uniforme - os meios em que as escolas se inserem são múltiplos, mas, numa escola básica da zona metropolitana de Lisboa, consigo antever determinados comportamentos por parte de alunos meus: egocentrismo, desrespeito pelos outros, por princípios e regras fundamentais, violência.

A facilidade de acesso aos meios de informação é confundida com conhecimento. As aulas não lhes agradam, por serem uma forma antiquada de aprendizagem de conteúdos sem interesse - "uma seca", quando eles "já sabem tanto" - têm o mundo nas falangetas! 
Pondo as coisas de forma mais radical, a sensação que tenho, cada vez mais frequentemente ou com um número cada vez maior de alunos, é que estou a pretender que "cavalgaduras" aprendam, o que não é possível, por se considerarem já "puros-sangues". 
Perdoem a linguagem cavalar, quando o desajustado serei eu!...

Escreveu Afonso Cruz, "é muito difícil, senão impossível, explicar a um néscio a importância da cultura, pois ele não tem cultura para perceber a falta dela." 

Talvez por isso, à escola é apontado o caminho da "pedagogia fofinha".
Será o reconhecimento de que não os podemos vencer e, por isso, nos devemos juntar a eles.
Escreveu Daniel Sampaio (JL-Educação, 2 de Janeiro): "Dos jovens 29,6% diz não gostar da escola, a matéria escolar é demasiada para 87,2%, aborrecida para 84,9% e difícil para 82%. Estes dados mostram a necessidade urgente de revisão curricular".
Proponho que sejam os jovens a fazê-la.
Não se esqueçam de chamar aqueles meus alunos que acima referi.
Sejamos inclusivos!


terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Nuno Bragança, 90 anos

«U omãi qe dava pulus era 1 omãi qe dava pulus grãdes. El pulô tantu qe saiu pêlo tôpu.»

3 (três) conjuntos - Painéis -, dissemelhantes entre si, embora desde logo semelhantes no serem constituídos por fragmentos. (...) Cada painel sua idade, no conjunto, um livro sobre os caminhos da maioridade. Mais do que desenho, a construção do duplo tempo de narrar: o da acção de narrar, o da acção narrada, imbricados ambos. A espacialidade de cada um é a coerência interna de cada um (...)»
Nuno Bragança, A noite e o riso

3 (três) foram os romances que escreveu, tão dissemelhantes entre si, pelos temas, pelo estilo e pela estrutura narrativa, embora desde logo semelhantes pela inovação que essa variedade criativa trouxe. 
Tão dissemelhantes como a sua vida, tão variada pelo que fez, no que foi... uma vida relativamente curta a deste descendente de D. Pedro II.


"U omãi grãde" que era Nuno Bragança faria hoje 90 anos.


domingo, 10 de fevereiro de 2019

10 de Fevereiro e Eça de Queirós

A 10 de Fevereiro de 1867, Eça de Queirós abriu escritório de advogado em Évora, no edifício da sede de redacção do Distrito de Évora, na actual Praça Joaquim António de Aguiar.


Edifício onde funcionou a sede da redacção do Distrito de Évora (foto Google maps)

A 10 de Fevereiro de 1886, Eça de Queirós casou-se com Emília de Castro Pamplona, na capela particular da Quinta de Santo Ovídio (Porto), que pertencia à família da noiva, os Condes de Resende.


Fachada poente e jardins do solar da Quinta de Santo Ovídio
A fachada principal, voltada a nascente, dava para a
Praça da Regeneração, actual Praça da República.
Pintura do jardim primitivo (século XVIII), presumivelmente desenhado por Nasoni.

O casal
«Aqui é um convento, adormecido dentro da sua cerca, ou antes do seu roseiral, porque apenas em Maio tudo são rosas, e tão afastado do mundo e das suas empresas que, quando a sineta do portão, anunciando o correio, quebra este lento silêncio que só costuma ser quebrado pelo cantar dos repuxos, há tanto alvoroço como outrora entre os frades de Tibães ou do Bostelo, ao chegar com grande guizalhada de machos, o estafeta da corte. De manhã passeio na rua dos Loureiros, que é no meio da cerca, sem breviário, mas tão pachorrentamente como se levasse os olhos postos num; e à noite leio genealogias e agiológios.»
Excerto de uma carta de Eça de Queirós para Eduardo Prado (1892)

O solar foi demolido em 1895, para abertura da Rua Álvares Cabral.

Reparei nas datas durante a visita à exposição

Informações sobre Eça comple(men)tadas na Fotobiografia, de A. Campos Matos.
Informações sobre o solar da Quinta de Santo Ovídio (e que tantos nomes foi tendo...) na Fotobiografia e no blog Monumentos Desaparecidos.


Ano do Porco


Começaram ontem as celebrações do ano novo chinês.



Terrina e travessa, porcelana chinesa, Dinastia Qing (1760-1770)
Fundação Medeiros e Almeida


E já ontem se dizia...

«Muitas vezes a mentira hoje no mundo é mais poderosa que a verdade.»
Padre António Vieira


O Padre António Vieira nasceu a 6 de Fevereiro de 1608.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Almeida Garrett

«Eu passei os primeiros anos da minha vida entre duas quintas, a pequena quinta do Castelo, que era de meu pai, e a grande quinta do Sardão que era, e ainda é, da família do meu avô materno, José Bento Leitão; ambas são ao sul do Douro, ambas perto do Porto, mas tão isoladas e fora do contacto da cidade, que era perfeitamente do campo a vida que ali vivíamos, e que ficou sendo sempre para mim o tipo da vida feliz, da única vida natural neste mundo.»
Almeida Garrett

João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu há 220 anos.



domingo, 3 de fevereiro de 2019

Entre o hoje e o amanhã...

O hoje está a chegar ao fim.


O amanhã volta com a loucura normal!


É mesmo assim, acreditem!


Joan Baez no último concerto em Portugal

«Nasci com um dom. Posso falar dos meus dons com pouca ou nenhuma modéstia, mas com uma enorme gratidão, precisamente por me terem sido dados, e não por serem coisas que criei».
Joan Baez

O Coliseu de Lisboa recebeu Joan Baez, na passada 6.ª feira, no primeiro concerto daquela que é anunciada como a última digressão de sempre de Joan Baez.
São 78 anos de idade, quase 60 anos de carreira, uma vida e uma obra intensas.


Um devido obrigado!



sábado, 2 de fevereiro de 2019

Más línguas!...




Não acredito!...
Gente tão credível, isto é, com tanto crédito!