quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

A censura a Álvaro de Campos

Levantam-se vozes indignadas pela censura ao poema de Álvaro de Campos.

Se o manual trouxesse o poema integral, levantar-se-iam vozes indignadas pelas referências erótico-pedófilas do poema num livro para jovens.

Os levantamentos de vozes são odes triunfais.
Acredito que Álvaro de Campos irá ganhar leitores.

Aliás, controvérsias são uma especialidade de Álvaro de Campos. Em tempos, o próprio se envolveu em controvérsias com Fernando Pessoa.


Álvaro de Campos (caricatura da autoria de Vasco)

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável? 
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade. 
Assim, como sou, tenham paciência! 
Vão para o diabo sem mim, 
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo! 

Para que havemos de ir juntos? 



Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!

Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!»
Lisboa revisited (1923)



A minha edição das Poesias de Álvaro de Campos, da Ática (1980), tem os mesmos versos censurados. Os automóveis só levam os pândegos!



Sem comentários:

Enviar um comentário