domingo, 20 de março de 2016

No equinócio da Primavera

- Vem!
grita ela mergulhando
nas águas claras

sentindo na sua nudez
o frio inclemente dos lagos
a subir do seu âmago mais fundo

Mas ele fica calado
como se a interrogasse
juntando o seu silêncio à beira-face

no côncavo das mãos

Enquanto os animais
começam a sair, ainda indecisos
dos covis, das cavernas e das grutas

dos esconderijos das matas

farejando o ar gelado
das florestas, dos bosques
com as línguas ásperas-ávidas

a tentarem degustar o tempo

- Equinócio da Primavera
afirma a deusa das árvores
com os seus cabelos fulvos

enquanto o bronze
dos seus galhos se enchama
de pequeníssimas corolas e folhas

Equador celeste! - clama

Só então começa a despontar
a luz mais ampla


Maria Teresa Horta



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