terça-feira, 29 de março de 2016

Confirmou-se: ler é perigoso!

«O caso da prisão de Luaty Beirão e dos seus amigos revela mais uma vez a verdadeira face do regime angolano: um regime bondoso, justo e preocupado com o bem-estar dos seus cidadãos. Os activistas foram presos por estarem a ler um livro, o que constitui um dos mais engenhosos incentivos à leitura de que me lembro.

O programa Ler +, do nosso Ministério da Educação, empalidece junto do programa Ler -, levado a efeito pela polícia angolana. É sabido que os jovens nutrem especial predilecção pelas actividades clandestinas. Se o Estado os incentiva a ler, lêem menos; se proíbe a leitura, em princípio, lêem mais. É raro o aluno que lê com gosto as obras de leitura obrigatória, nos programas escolares portugueses, mas aposto que todos gostariam de saber mais acerca das obras de leitura proibida pelo regime angolano. Eu próprio, que considerei indigesta a obra "Eurico, o Presbítero", que me obrigaram a ler, já encomendei o livro "From Dictatorship to Democracy, A Conceptual Framework for Liberation", que o regime angolano não deseja que seja lido.»
Ricardo Araújo Pereira, Visão - 22 de Outubro de 2015


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