domingo, 23 de março de 2014

"Os políticos são todos uns mafiosos!"

Há dias, reencontrei virtualmente o Pedro A., meu aluno no 9.º 4 de 1998/99 - vão 15 anos bem medidos.
Peguei nessa turma, para mim desconhecida, no último ano do 3.º Ciclo. Foi algo fora do normal, mas a professora dos anos anteriores tinha sido colocada noutra escola e o 9.º 4 era a direcção de turma do António Jesus, com quem tinha planeado fazer muitas coisas em conjunto nesse ano: eram os 25 anos da escola na Amora, os 25 anos do 25 de Abril e a viagem de finalistas. O António leccionava Físico-Química à minha direcção de turma, eu leccionava História à sua direcção de turma, estava tudo certinho.
A vida tratou de desacertar as coisas e o António mal começou o ano lectivo...
As actividades das comemorações da Paulo da Gama na Amora foram o seu último trabalho.
Mais uma boa razão para cuidar dos seus "herdeiros", os meninos do 9.º 4. Ficaram-me de herança, como o próprio António me escreveu.

Turma do 9.º 4 (Outubro de 1998)

Para preparar atempadamente as actividades do 25.º aniversário do 25 de Abril, tinha planeado trabalhar o programa de frente para trás, isto é, da actualidade para o passado - do pós 25 de Abril ao final do século XIX.
Só a apresentação da ideia, no início do ano, ao 9.º 4 deu duas aulas de verdadeira filosofia da História ou de didáctica da História. Foram, na minha memória, duas das melhores aulas de sempre.
Início do trabalho sobre a sociedade actual - final do século XX - textos de apoio, referência aos órgãos do poder central, a quem ocupava os cargos políticos na ocasião... e um aluno que diz baixinho ao colega de carteira: "Os políticos são todos uns mafiosos!".
Pedi para repetir em voz alta. Receoso - conhecíamo-nos há poucos dias! - repetiu... baixinho. "Mais alto", pedi. Saiu, ainda, em voz baixa. "Mais alto!" Lá se ouviu: "Os políticos são todos uns mafiosos!"
Este mote deu mais uma ou duas aulas de óptima discussão.

Recordei essa aula inicial na primeira mensagem trocada após o virtual reencontro. Excerto da mensagem de resposta:


Também gostava que estivesses errado, como vos procurei fazer ver.
Mas está difícil de ver diferente!... E a vossa geração tem sido sacrificada em favor de interesses estranhos. Verdadeiramente estranhos!...
Um grande abraço, Pedro (e amigos)
Obrigado pelas tuas palavras.


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