domingo, 15 de dezembro de 2013

E (ainda) há caminhos mais justos por abrir






Saudação a Nelson Mandela

Primeiro ser leão
na desregrada cólera
e um enorme irmão de oprimidos

ser a águia
que inventa a liberdade
no seu imenso voo

ser o braço
do povo que resiste
inteiro e limpo

ser a ideia
vinda do futuro
sempre em riste

na prisão
olhar o que há-de vir
como se fosse já a sua vida

e quando o povo
sinta os seus grilhões
numa dor infinita
ser a brisa da esperança
que não passa

Depois subir a pulso
o rio da história
como se fosse o coração do povo

e ser então o rosto que faltava
da África da esperança
para que o mundo possa descobrir-se
sem limites

Por fim a paz
inofensiva pomba
sem humilhados

só então a paz
quando o vento da cólera
mais justa
rugiu como leão
e nas asas da águia descobriu
um pouco mais de luz

só então a paz
quando a porta fechada
foi aberta
e há caminhos mais justos por abrir

O tempo continua
imenso e sujo
parecendo recusar-se a prosseguir

mas à orquestra dos povos
aportou um novo violino

a cólera mais justa vai ouvir-se
e os braços do destino vão abrir-se

colhendo a liberdade
Rui Namorado


P.S. - Hoje, dia em Nelson Mandela foi sepultado. Quando os fait divers da comunicação social sobre as cerimónias fúnebres já cansavam.


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