quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Alunos que me marcaram

O que o fb tem de bom é que facilita o nosso encontro.
Depois convido sempre os meus amigos para nos reencontrarmos sob o beneplácito do sorriso das vaquinhas, enquanto o fb permanece com os muros imaculadamente brancos, caiados à boa maneira alentejana.
Aqui podemos estar mais à sombra.

9.º 5 e 9.º 7  -  Vila Nova de Cerveira (1998)
A última semana foi rica em reencontros virtuais e mensagens trocadas com antigos alunos. E, a propósito de uma expressão usada por vários deles, quis escrever este texto dirigido a esses e a outros ex-meus alunos com mais de 21 anos.
Parto de um excerto já com alguns anos mas de que gosto muito (tenho pena de não ter registado o nome do seu autor):
«Ao fim de alguns anos de experiência mais ou menos dolorosa, todos os professores descobrem que não ensinam nada. Têm, ou não, a sorte de terem alunos que aprendem. O seu trabalho será "apenas" seduzi-los para que queiram aprender mais.»

9.º 8  -  Negrito (Ilha Terceira - 1997)
Portanto, meus amigos, convosco o meu trabalho foi só de sedução.
Tive(mos?) a sorte de nos encontrar num momento de confluência de circunstâncias felizes: uma fase boa da Paulo da Gama (do ensino em geral, penso eu), minha (pela disponibil + idade que tinha e pelas condições que me foram proporcionadas pela escola) e vossa, porque todos os jovens com uma boa educação familiar estão naturalmente mais predispostos a aprender e a viver bem.
Aos jovens com a idade própria de frequentar o Ensino Básico é importante dar o afecto e criar sonhos (ajudar a ganhar asas para voar). Acho que a sedução é isso.
Tive sorte em vos encontrar.

9.º 2  -  Teatro na escola  (1999)

9.º 4  -  Escola (1998-1999)
Por isso pude desfrutar de um conjunto de anos felizes, em que consegui acompanhar algumas turmas durante mais tempo de escolaridade. Todas diferentes nas suas características - porque não há duas turmas iguais - mas todas as que acompanhei no 9.º ano me marcaram (e a maioria acompanhei durante vários anos) e com elas aprendi a (gostar de) ser melhor professor.*
Guardo boas recordações e continuo a guardar um carinho muito especial por vocês, quando já têm, em muitos casos, uma vida independente - alguns já são pais e mães - e terão, naturalmente, uma outra visão do mundo e da vida.
Tenho saudades do tempo em que eram meus alunos, daquilo que fazíamos (até dos raspanetes que vos pregava, que quanto a isso eu era democrático e todos apanharam!). E gosto de saber das Anas, da Raquel, do Nuno, da Andreia, do Hugo, da Margarida, da Cátia, das Susanas, das Tânias, das Saras, do Bruno, das Joanas, da Inês, dos Tiagos, de e de ...

2.º 20  -  Junto ao Parque da Pena (Sintra - 1989?)

6.º 2  -  Sintra (2001)
Jacinto do Prado Coelho, um grande professor universitário, já falecido em 1984 (quando eu dava os primeiros passos na profissão), afirmou que «Não há verdadeira educação que não seja poética.»
Hoje, um dos grandes problemas é que a educação, segundo os seus responsáveis máximos, é um acto meramente técnico e, sobretudo, contabilístico. E eu não gosto desta política de vistas curtas que nos (e vos) corta as asas e impede de voar.


* Não posso esquecer o 2.º 20 (1986-1988) - os meus pioneiros, "Clube dos Poetas Vivos" - e o 5.º/6.º 2 (1999-2001), também especiais.

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