terça-feira, 12 de junho de 2012

Valha-me S. Malverde

Dediquei-me ao narcotráfico.
Dá mais dinheiro do que o ensino (que está uma "droga"), mas isto é só uma forma de dizer que refiz a agulha das minhas leituras para A rainha do Sul, de Pérez-Reverte.
Lá voltamos a encontrar uma mulher forte como personagem central - "Estou convencido de que a mulher é o único herói interessante que há no século XXI." (Ler, n.º 103, Junho 2011).

É na terra dessa mulher, Sinaloa (México), que passamos pela capela de S. Malverde, um desconhecido santo popular, e apenas popular, pois as autoridades religiosas nunca o reconheceram santo. Nem lhes ficaria bem!
Jesus Malverde terá sido um "Robin dos Bosques" mexicano, a quem o povo local deu uma sepultura e, posteriormente, construiu uma capela. Só um santo clandestino poderia ser... o padroeiro dos narcotraficantes da região, «que acorriam a pedir o seu amparo e a agradecer, com donativos e placas gravadas ou escritas à mão depois de cada regresso feliz e de cada negócio lucrativo. Obrigado padroeirinho por me tirares da cadeia, podia ler-se, colado à parede, junto da imagem do santo - moreno, bigodudo, vestido de branco e com um elegante lenço preto de seda ao pescoço - ou Obrigado por aquilo que tu sabes. Os tipos mais duros, os piores criminosos da planície e da serra, andavam com a fotografia dele nos cintos, em escapulários, bonés de basebol e carros, benziam-se ao falar dele e muitas mães iam rezar à capela quando os seus filhos faziam a primeira viagem, estavam na cadeia ou metidos nalgum sarilho. Havia pistoleiros que colavam a imagem de Malverde nas coronhas da pistola ou na culatra das automáticas.»



Duas representações de S. Malverde
Bem significativas!



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