quinta-feira, 3 de maio de 2012

Efeito borboleta, possivelmente

«O homem não se mexe. Volta a reflectir sobre o artigo que acabou de ler meia hora antes. (...) Publicado numa revista científica, o artigo resume uma teoria que defende, em traços largos, o seguinte: ínfimas diferenças nas condições iniciais de um dado sistema podem provocar grandes diferenças nas condições finais. O autor do artigo atribui um nome a esse fenómeno, efeito borboleta, e fornece uma imagem sugestiva: se uma borboleta bater as asas, algures na Amazónia, pode provocar um tornado no Texas. (...)
O homem está perplexo. Pensa em muitas possíveis aplicações do efeito borboleta. Um polícia romeno dá um pontapé numa porta em Bucareste e causa um sismo na Gronelândia; uma mulher beija o amante e acelera o ataque cardíaco do marido; reguadas numa escola primária do Cairo originam bátegas em Auckland; um dos seus gatos mata uma mosca e cai um avião na Patagónia.
O homem angustia-se. Na sua cabeça, a realidade assume a forma de uma imensa teia, onde tudo está ligado a tudo, onde as coisas dependem todas umas das outras. Ele é o centro dessa teia.»
José Mário Silva, Efeito borboleta e outras histórias

Terá sido esse o efeito da decisão de um juiz de Portalegre?
Foi isso que fez os bancos e o Governo mexerem-se?


Tecnicamente, penso que aquilo que aconteceu no 1.º de Maio não foi o efeito borboleta. Foi o efeito da pobreza... da carteira ou do espírito.
Ou falta de um pingo... de vergonha!

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