terça-feira, 27 de setembro de 2011

O grão da memória no regresso do vinil

A minha senhora, como sabe que a música me toca muito, ofereceu-me um gira-discos.
Para o velho estava difícil arranjar agulha, a correia partiu-se e o representante fica onde o diabo perdeu a mãe.
O novo tem entrada USB, o que é uma vantagem para poder gravar algumas músicas para os meios digitais. Acontece que o amplificador mais recente, com as colunas mais recentes, não é adequado para o gira-discos. Será preciso um pré-amplificador. Por agora, lá fui buscar o velho amplificador e as velhas colunas à arrecadação.
E o gira-discos já toca!


É certo que agora tenho de ter à mão, para além do leitor de CDs e do gira-discos, 2 amplificadores e 4 colunas. É certo que pela sala vai uma confusão de cabos, de fios e de fichas. É certo que já tenho discos de vinil espalhados. É certo que estou a matar saudades de discos que não tenho no suporte CD, mesmo quando a agulha salta em algumas faixas ou a poeira faz lembrar o mítico som do estrelar de ovos - há músicas que eu reconheço com o pó ou com os riscos em determinadas passagens.
É certo que, com isto tudo, a minha senhora já se arrependeu de me ter oferecido o gira-discos: “Aqueles fios têm de estar ali?”, “Não achas que a sala está um bocadinho desarrumada?”, “Como é que tu consegues ouvir essas músicas?”, “Põe isso mais baixo!”…

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