sexta-feira, 31 de maio de 2024

Celebro-me e canto-me

Celebro-me e canto-me,
E aquilo que assumo tu deves assumir,
Pois cada átomo que a mim pertence a ti pertence também.

Vagueio e convido a minha alma,
À vontade vagueio e inclino-me a observar a erva do Verão.
A minha língua, cada átomo do meu sangue, composto deste solo, deste ar,
Aqui nascido de pais aqui nascidos de outros pais aqui nascidos, e dos seus pais também,
Eu, aos trinta e sete anos, de perfeita saúde começo.
Esperando que só a morte me faça parar.

Suspendo os credos e as escolas,
Retiro-me por certo tempo, deles saturado mas não esquecido,
Sou o porto do bem e do mal, e seja como for falo,
Natureza sem obstáculos com a sua energia original.

Walt Whitman, Canto de mim mesmo 

Walt Whitman nasceu a 31 de Maio de 1819, em West Hills (Long Island).





Vamo-nos atolando na guerra


As armas/munições usadas pela Ucrânia, a partir de agora, vão passar a ter uma etiqueta: Usar só em solo ucraniano / Pode ser usada em solo russo.

Mais devagarinho, menos devagarinho, vamos deslizando para a guerra. Os políticos que nos desgovernam vão-nos empurrando para um envolvimento cada vez maior no conflito.

Por mim, o Paulo Rangel pode ir andando para a frente de batalha!

P.S. - Quanto à possibilidade de utilização das armas em solo russo há um "consenso muito generalizado" - Portugal está "confortável" quanto a essa posição (Paulo Rangel dixit).
Quanto ao reconhecimento do Estado da Palestina... Marcelo considera que "este não é o momento adequado" e Paulo Rangel considera que tal só deve acontecer quando houver uma decisão articulada dentro da União Europeia (também já afirmou que o reconhecimento deve ocorrer depois de um acordo bilateral [com Israel]). Na UE já não chegam os dedos das mãos para contar os países que já reconheceram o Estado independente da Palestina.
«(...) sinceramente, até nem tenho falado porque a posição portuguesa é tão clara, tão clara, nunca houve nenhum Governo que fizesse tanto pelo reconhecimento da situação* em que está a Palestina como este.» (Paulo Rangel)

*Que reconhecimento de que situação?

P.S. 2 - O Partido Socialista, quando Governo com maioria absoluta, também se cortou ao reconhecimento: «(...) o reconhecimento isolado por parte de Portugal do Estado da Palestina "seria inconsequente", sublinhando que vários países europeus "estão a trabalhar num roteiro para o reconhecimento conjunto"» (Dezembro de 2023)


quinta-feira, 30 de maio de 2024

Santana Castilho (1944-2024)

«Ano após ano, ministro após ministro, os problemas de fundo continuam intocáveis, sujeitos ao atavismo dos "pedabobos" que influenciam a 5 de Outubro. Falando um erudito "eduquês", essa corte tem imposto estereótipos pedagógicos ineficazes e eternizado tabus que vão conduzindo o país à desgraça, pela mão da permissividade e do facilitismo, únicos universos em que são competentes.»

Santana Castilho


Entrei no Café...

Entrei no Café com um rio na algibeira

e pu-lo no chão,

a vê-lo correr

da imaginação


A seguir, tirei do bolso do colete

nuvens e estrelas

e estendi um tapete

de flores

- a concebê-las


Depois, encostado à mesa,

tirei da boca um pássaro a cantar

e enfeitei com ele a Natureza

das árvores em torno 

a cheirarem ao luar

que eu imagino.


E agora aqui estou a ouvir

a melodia sem contorno

deste acaso de existir

- onde só procuro a Beleza

para me iludir

dum destino. 

José Gomes Ferreira, Poesia III 



Penguin Cafe Orchestra



quarta-feira, 29 de maio de 2024

Zelensky detido em Portugal...

 ... por Marcelo Rebelo de Sousa, sob a protecção de Luís Montenegro!




terça-feira, 28 de maio de 2024

O 28 de Maio de 1926, o General Gomes da Costa e a geringonça


Manuel de Oliveira Gomes da Costa, o general que aceitou arrancar com o movimento militar que eclodiu em Braga, em 28 de Maio de 1926, e que pôs fim à 1.ª República. 

O movimento militar não tinha um projecto político definido, constituindo "uma amálgama heterogénea de interesses e doutrinas contraditórios" que tornou instável a Ditadura Militar que se instalou em Portugal.

Gomes da Costa viria a assumir a chefia do Governo a 17 de Junho de 1926. "(...) demasiadamente impulsivo para seguir qualquer linha de coerência programática" (Adelino Maltez), foi vítima do golpe dos generais Carmona e Sinel de Cordes, tendo ficado preso no Palácio de Belém (8 de Julho). Foi transferido para Caxias e Cascais e, no dia 11, foi desterrado para Angra do Heroísmo, deixando de ter qualquer protagonismo militar e político.
Dele dizia Raúl Brandão que "tem cabeça de galinha e é sempre da opinião da última pessoa com quem fala". 

José Rodrigues Miguéis, no romance O Milagre segundo Salomé, retrata bem o ambiente que se vivia no período de crise da 1.ª República e de transição para o regime ditatorial - "Trata-se da figuração simbólica de uma época, ambiente e estado de espírito colectivo, sob a forma de romance convencional" -, desenhando em vários capítulos um retrato de Gomes da Costa - o "General ABC": 
«A Nação, inerte ou entregue a si mesma, quer sonhar perfeito o Herói para o venerar melhor na paz da inconsciência. Ele fará tudo por nós, durmamos pois! Esperamos sempre que um ente superior, sobrenatural, eterno Desejado, faça por nós aquilo que somos incapazes de, ou não estamos dispostos a fazer. (...) Nos momentos de crise (e quais o não são!) fala-se dele como do Homem-capaz-de-meter-isto-nos-eixos. Os partidos disputam-no, fazem-lhe namoro, mas ele, oh!, é apenas (textual) "um soldado que cem vezes arriscou a vida pela Pátria", e com franqueza a Pátria começa a estar enjoada de politicagem.»

É neste romance, "terminado provisoriamente" nos anos de 1950, mas só publicado em 1975, que é utilizada, a propósito do contexto político, não sei se pela primeira vez, a expressão "geringonça".
«Eu não perdi a fé na República como ideia-força, mas se ela se não salva por si, alguém terá de a vir salvar. Quanto a mim, o problema é essencialmente económico, mas tudo depende da fórmula política. Se não for dentro da geringonça parlamentar, há que ir buscá-la fora dela.»

Nem Paulo Portas, nem Vasco Pulido Valente - José Rodrigues Miguéis!


segunda-feira, 27 de maio de 2024

A Madeira é um jardim!

«Num território fechado, como por natureza é uma ilha, onde quem detém o poder tem a capacidade de controlar muitos dos cargos e dos empregos de uma omnipresente administração pública, e de influenciar o poder económico e dos media, uma mudança após 48 anos continua a parecer bem distante.»

Público

P.S. : E o poder económico tem a capacidade de influenciar o poder político
48 anos durou a ditadura... 

E isto num território com a maior taxa de pobreza em Portugal - quase 10 pontos percentuais acima da média nacional!


terça-feira, 14 de maio de 2024

Para mim bastava o amor somente


"Que para mim bastava o amor somente"


Montra da Livraria Galileu (Cascais, Abril 2024) 


Ironia socrática


«O Governo fez em 30 dias o que o anterior governo não foi capaz de fazer em oito anos - regressar às decisões do Governo Sócrates. A todas elas: ao aeroporto em Alcochete, à nova travessia do Tejo e ao TGV Lisboa-Madrid. (...)

O que antes eram obras faraónicas e desperdício de recursos públicos passaram agora a constituir infraestruturas absolutamente prioritárias para o desenvolvimento. Bravo. Dezasseis anos depois!»

José Sócrates


segunda-feira, 13 de maio de 2024

Princípios

Podíamos saber um pouco mais
da morte. Mas não seria isso que nos faria
ter vontade de morrer mais
depressa.

Podíamos saber um pouco mais
da vida. Talvez não precisássemos de viver
tanto, quando só o que é preciso é saber
que temos de viver.

Podíamos saber um pouco mais
do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar
de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou
amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada
sabemos do amor.

Nuno Júdice


ELP, From the beginning


Aparição...


... de um arco-íris sobre o forte de S. Julião.


Falta de fé?

Assim, o chefe da claque não se safa! 


sexta-feira, 10 de maio de 2024

Rezem também pelos outros...


... pelo "Polaco", pelo "Pidá", pelo "Joca"...


quinta-feira, 9 de maio de 2024

Dia da Europa

Que Europa?
Ao menos que fosse a linda princesa fenícia...



Dia da Espiga

 


À falta de um ramo verdadeiro, ofereceram-me um virtual
(com uma inovação na composição do ramo...)

António Borges Coelho - a homenagem da sua terra

O I Festival Literário Internacional de Murça - Porca-Lápis - homenageou o historiador António Borges Coelho, natural do concelho e contando já 95 primaveras (o que não lhe terá permitido estar presente no evento). 

Uma justa homenagem, no ano em que se comemoram os 50 anos do 25 de Abril e depois do Forte de Peniche, onde Borges Coelho passou vários anos preso, ter sido formalizado como Museu Nacional Resistência e Liberdade.