quinta-feira, 29 de junho de 2023

A Saucerful Of Secrets - quando os Pink Floyd foram 5

Em 29 de Junho de 1968, os Pink Floyd lançavam A Saucerful Of Secrets, o seu segundo álbum de estúdio e, na minha opinião, a primeira obra-prima das várias criadas pelo grupo no espaço de 7 anos (pararam em 1975, com Wish You Were Here).

Foi o último trabalho do grupo com Syd Barrett e o primeiro com o guitarrista David Gilmour, sendo, portanto, o único disco em que participam os cinco membros que pertenceram ao conjunto. Todos os membros contribuíram com composições e na sua interpretação vocal.

Mas quanto a tocarem juntos, só na faixa Set the Controls for the Hearts of the Sun isso acontece. Jugband Blues é a última composição de Barrett nos Pink Floyd, sendo cantada pelo próprio a encerrar o disco.

Em público, a primeira apresentação dos Pink Floyd como quinteto aconteceu em 12 de Janeiro de 1968, na Universidade de Aston (Birmingham), repetindo-se em mais 3 concertos, pelo menos. A separação definitiva aconteceu antes do lançamento deste disco, considerado um marco para o rock psicadélico.


Set The Controls For The Heart Of The Sun - Live At Pompeii


quarta-feira, 28 de junho de 2023

Os trabalhadores são uns garganeiros!

 

Tadinhos dos Mercados! 

Pobrezinhas margens de lucro!


Como se escreve num jornal que já foi de referência

Copiado da edição online do DN de 27 de junho:

«Reiterando o que já havia afirmado no seu discurso durante a cerimónia da sua homenagem - que é independente e que não tem cor política - Eduardo Catroga voltou a frisar que é independente e não tem cor política, mas voltou a sublinhar esta ideia que já por várias vezes havia referida em entrevista.

(...)

Com um rasgo de humor, e voltando à questão de os governos só estarem preocupados em proteger o poder, Eduardo Catroga referiu que, se fosse futebol talvez alguém andasse preocupado, mas que, fora isso, não vê ninguém preocupado com o facto de Portugal estar a caminhar para a cauda da Europa, em juntar-se ao pelotão da frente, em termos de prosperidade económica e social".»

https://www.dn.pt/politica/catroga-os-partidos-no-governo-tendem-a-ser-conservadores-para-manter-o-poder-16601148.html


«Aníbal Cavaco Silva afirmou esta terça que a atuação de Eduardo Catroga à frente do Ministério das Finanças entre 1992 e 1993, (…)»

https://www.dn.pt/politica/cavaco-eduardo-catroga-foi-o-melhor-ministro-das-financas-de-portugal-16600315.html

Eduardo Catroga foi Ministro das Finanças entre 7 de Dezembro de 1993 e 28 de Outubro de 1995. 

Poderia, ainda, transcrever mais uma ou duas frases como exemplos de descuido na utilização da língua portuguesa.


À atenção de Luís Montenegro

Aposta na 3.ª idade?

Segundo o prof. Cavaco Silva (acreditando na transcrição do DN online de ontem, a qual deixa a desejar quanto ao Português usado e quanto às datas referidas), Eduardo Catroga «demonstrou bem claro que, na sua mente, entendia que [n]a situação em que o país se encontrava era essencial que a utilização dos instrumentos das políticas orçamental, monetária, cambial e de rendimentos fossem acompanhadas [por] políticas estruturais de modo a reforçar, numa perspetiva de médio e longo prazo, o crescimento potencial da economia e a eficiência económica e competitividade das empresas».

Parece-me o trivial!... (mas eu não entendo de finanças!)

Só à terceira tentativa, o economista terá aceitado o convite para ser ministro de Cavaco Silva, substituindo Jorge Braga de Macedo, envolvido em escândalos mediáticos de utilização "dúbia" de subsídios do IFADAP.
Foi Ministro das Finanças nos últimos 2 anos de Cavaco Silva como 1.º Ministro (7.12.1993 a 28.10.1995), a fase "descendente" do líder do PSD (deixá-lo-ia de ser em breve, conforme o próprio tinha antecipado, após 10 anos de chefia do Governo).

O elogio é natural numa cerimónia em que era atribuído o título de Economista Emérito a Eduardo Catroga, numa homenagem da Ordem dos Economistas.
Mas quando Cavaco destaca a visão do seu ex-Ministro "na situação em que o país se encontrava" (expressão normalmente usada para situações menos positivas) e o enaltece por ser "o impulsionador do lançamento da economia portuguesa em bases sustentáveis", o que (não) foi feito nos 8 anos anteriores pelos outros ministros das Finanças?
E a economia portuguesa ficou com bases sustentáveis? 
Um estudo publicado pelo Banco de Portugal sustenta que "de 1995 até agora [2019, a data do estudo], o PIB per capita português não se aproximou da média da UE" - Como Portugal parou de convergir a partir de 1995 e foi ultrapassado a Leste
"O Banco de Portugal diz que o problema está no crescimento baixo da produtividade e assinala que, ao nível europeu, existe uma dificuldade “em manter ritmos de crescimento económico elevados a partir de determinado patamar de rendimento”.

No meio das alfinetadas aos actuais governantes, distraiu-se e autocriticou-se?

Cavaco Silva (e muita comunicação social), na sua campanha anti-PS, reflecte uma nostalgia abstrusa.


Uma questão de honra

A humildade de reconhecer os erros.

A sobranceria de não os corrigir!

"Olhem, queridos, tenho uma surpresa para vocêses!"

Se calhar, estou a fazer m... outra vez, mas que se lixe!

Recordando (estávamos em 2013)...




Não nos devemos esquecer que a culpa da alta das taxas de juro é dos elevados salários...


Garganeiros!


segunda-feira, 26 de junho de 2023

A cavalgada do Wagner

Wagner, o outro. Cavalgada, a outra, a das Valquírias - Walkürenritt or Ritt der Walküren.



Mercenários & Corsários

Sempre duvidei das parcerias público-privadas.

Na experiência nacional, regra geral, os ganhos tornam-se privados e os prejuízos são públicos... e notórios nos orçamentos.

Transferida a experiência para as empresas de segurança fortemente armadas, a nível das grandes potências, o caso pode ser sério! E quando as situações descambam e se chega ao descontrolo... estamos num perigoso (Prigozhin, em russo) reality show de gangsters. Os Estados Unidos têm sabido gerir muito mais discretamente os seus mercenários.

É como no tempo da pirataria, em que as principais monarquias europeias suportavam os seus corsários. Mas estes podiam tornar-se problemáticos. E também mudavam de equipa... 

São parceiros instáveis. Pessoas sensíveis, sobretudo aos gastos e aos ganhos.

Quando as coisas vão bem...

Quando as coisas azedam...


sábado, 24 de junho de 2023

Da Noite - Ao Silêncio

 Bernardo Sassetti faria hoje 53 anos...



sexta-feira, 23 de junho de 2023

Atlântico Norte vs Mediterrâneo

O submarino Titan, uma angústia televisiva

«Acontece que, quase em simultâneo com o desaparecimento deste submarino com cinco pessoas a bordo, naufragou junto à Grécia uma traineira, vinda da Líbia, com 700 pessoas a bordo. Até ao momento, foram resgatadas com vida 104 pessoas e mortas 79. A grande maioria continua desaparecida e fala-se em 100 crianças entre elas. A quase simultaneidade das duas notícias permitiu estabelecer com clareza o impiedoso contraste com que elas foram tratadas pela comunicação social e o do interesse que mereceram da nossa parte. Neste contraste está espelhada a miséria coletiva que nos domina e que domina o mundo ocidental.»

Carmo Afonso, Público

Uns morreram no mar porque tinham muito dinheiro, outros morreram porque não tinham dinheiro.


quinta-feira, 22 de junho de 2023

Blue

 52 anos depois...


Joni Mitchell, Blue


segunda-feira, 19 de junho de 2023

Vou sentir um vazio...


... sem as audições requeridas pela Comissão de inquérito à gestão da TAP.


Depois será a polémica da aprovação do relatório.

Já estão à venda os bilhetes!


domingo, 18 de junho de 2023

Memórias da Mundet na prenda oferecida ao Presidente

O Presidente da República agraciou a Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas com a Ordem de Mérito, na cerimónia do seu 38.º aniversário.

O evento decorreu no Seixal e o Presidente do município ofereceu uma serigrafia representando a saída da fábrica dos trabalhadores da Mundet, da autoria de Luis Badosa.

Luis Badosa, falecido em 2015, era um pintor catalão radicado em Bilbau.
Em Janeiro de 1999 teve uma exposição no Núcleo da Mundet do Ecomuseu Municipal do Seixal (Edifício das Caldeiras Babcock), exposição essa organizada especificamente para este espaço, então beneficiado com obras de conservação, com trabalhos realizados entre 1980 e 1998.
A exposição explorava uma das mais importantes facetas da pintura de Luis Badosa: a representação de espaços fabris e de paisagens marcadas pela indústria.

Na base da obra encontra-se uma foto dos anos 50 do século XX representando a saída do pessoal da fábrica do Seixal da Mundet & C.ª Lda.


No final dos anos 90, apenas 10 anos passados sobre o encerramento da importante fábrica de cortiça (1988), o sonho era a musealização dos espaços fabris da Mundet (adquiridos pela C. M. Seixal em 1996).
As fachadas voltadas ao rio eram uma imagem de marca.

Hoje, no lugar dos refeitórios (identificados na imagem), um restaurante moderno que de Mundet tem o nome.
No lugar dos restantes edifícios da imagem está em construção um hotel que de Mundet terá, provavelmente, o nome.
Outros valores se levantaram.

O nome Mundet, no interior do espaço antes ocupado pela fábrica, não aparece uma única vez em qualquer planta, cartaz ou sinalização do Parque Urbano do Seixal, entretanto aí instalado (será distração minha?).
Muitos dos antigos trabalhadores da fábrica já, entretanto, faleceram.
Muitas das memórias da fábrica já se perderam.
Muitas das ideias de musealização dos seus espaços ficaram pelo caminho, muito do seu património se perdeu.
Foi-se património material e vão-se as memórias.

Mas a serigrafia oferecida ao Presidente da República remete para esse património e acorda História adormecida.


sexta-feira, 16 de junho de 2023

Os rankings das escolas e os valores da burguesia

Hoje é o dia da dose anual dos rankings das escolas.

Mais do mesmo! 

Mas gostei desta justificação burguesa dos bons resultados do Norte Litoral.

Burguesia forte... Regresso ao liberalismo do século XIX, recordo-me da família inglesa do Júlio Dinis... uma afirmação burguesa!

Não sabemos se essa afirmação também serve para justificar o fenómeno recorrente da atribuição de notas de frequência mais altas do que aquelas que os estudantes conseguem ter nos exames nacionais. Porque tal acontece, sobretudo, no ensino privado... na faixa litoral da região Norte (fenómeno reconhecido pelo meio de comunicação social que mais promove a divulgação destes rankings - o jornal Público).


quinta-feira, 15 de junho de 2023

Lisboa com seu nome de ser e de não-ser

(...)
Lisboa com seu nome de ser e de não-ser
Com seus meandros de espanto insónia e lata
E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
- Digo para ver
Sophia de Mello Breyner Andresen



terça-feira, 13 de junho de 2023

Desenrasque à portuguesa

Pelo Público de hoje, ficamos a saber que, apesar do André e da Telma já não viverem juntos (e nenhum deles viver na casa em questão), é possível que o sofá que ambos adquiriram há cerca de 10 anos, e que um grupo de imprescindíveis vizinhos ajudou a entrar pela varanda do prédio sito na Mouraria, permaneça no interior da casa. Porque sair é difícil e vá-se lá saber se ainda existe a solidariedade necessária na vizinhança para o retirar... por onde entrou. 

As fotos, recordadas pelo jornal, são um expoente do “desenrasque à portuguesa”. 

O recurso à canadiana é um achado fabuloso!


Há anos assisti à entrada de um colchão de casal e do respetivo estrado numa habitação de uma vila na Graça.

O esforço que foi!...

Prémios do Património Cultural Europeu 2023

A Europa Nostra, organismo que representa organizações que trabalham na salvaguarda do património cultural europeu, atribuiu os prémios do Património Cultural Europeu, tendo Portugal recebido quatro distinções.

Na categoria de "Conservação", foi contemplado o restauro dos tectos em estilo mudéjar da Sé Catedral do Funchal; na categoria de "Pesquisa", a distinção coube ao projeto para salvaguarda da arte xávega na praia da Tocha; na de "Envolvimento e sensibilização dos cidadãos", foi consagrado o projecto de investigação e divulgação da arte mural de Almada Negreiros na cidade de Lisboa; finalmente, o arqueólogo e historiador Cláudio Torres, grande responsável pela valorização da herança cultural islâmica em Portugal, foi distinguido como "Paladino do património". 



domingo, 11 de junho de 2023

Fascinação

Teresa:

Uma estrelinha viveu, hoje, a tua felicidade.



sábado, 10 de junho de 2023

Camões - o seu dia e o estado da língua portuguesa

«(...) o que parece preocupante é o facto de cada vez menos haver em Portugal qualquer espécie de interesse por Camões e por aquilo que ele representa. O nome do autor de Os Lusíadas tende a ser apenas a marca distintiva de um feriado, ambíguo luxo nos tempos que correm, e pouco mais. As questões da identidade começam por estar relacionadas com a língua materna e esta deve a Camões a sua dimensão moderna. Mas estão à vista as consequências que, para a identidade, decorrem do actual estado de coisas: a língua materna está cada vez mais deteriorada (…). Nem sabemos pronunciá-la, nem sabemos escrevê-la ou falá-la com um mínimo de correcção. E nem vale a pena falar da situação catastrófica que virá a ser gerada pelo Acordo Ortográfico se este algum dia se aplicar (...). Vivemos numa época de apoucamento da língua, de empobrecimento do vocabulário, de aviltamento de todas as regras de gramática. (…) Vêmo-la subordinar-se servilmente ao facilitismo e à tecnologia, quando devia contribuir para uma estabilização dos seus paradigmas próprios, procurando equilíbrios permanentes com as tendências que são sinal dos tempos. (...) A língua de Camões está irreconhecível. Se ele voltasse ao mundo, decerto pensaria em rasgar a sua obra. Deixámos de ser dignos dela.»

Vasco Graça Moura, A língua de Camões (DN, 9 de Junho de 2010)


sexta-feira, 9 de junho de 2023

O passado de Lisboa resume-se a esta luz

«Lisboa é uma cidade sem passado visível nas pedras. Ou melhor: o passado de Lisboa resume-se a esta luz que, de olhos em olhos, de pele em pele, de caliça em caliça, chega diariamente até nós, lá do fundo dos tempos, sempre com o mesmo peso de espuma voada.

Depois, ao anoitecer, dá-se uma espécie de terramoto e a cidade afunda-se na escuridão. Desaba, desmantela-se, rui (às vezes ajudada pelo clarão explosivo do luar), para surgir reconstruída na manhã seguinte com a fluidez suspensa de pedras de céu azul e o habitual ouro contente das fachadas.

Eis a razão, ou pelo menos uma das razões, por que os habitantes desta cidade não se inibem de deitar abaixo seja o que for (os Jerónimos e a Torre de Belém escaparam até hoje à demolição por milagre), todos, no fundo - repito -, com a convicção de que o nosso único testemunho de passado comum reside nesta bendita luminosidade que, através de mil catástrofes e tormentas, purifica incansavelmente as ruas e os prédios.»

José Gomes Ferreira, nascido a 9 de Junho de 1900, na cidade do Porto, teve épocas de vagabundagens por Lisboa, a "horas desertas da noite, quando o silêncio crepita mais vivo na solidão", de que "resultou o adensamento (...) da lenda que me atribui o conhecimento a palmos de Lisboa e respectivos alçapões".

Citações de José Gomes Ferreira, O irreal quotidiano


A imagem que conservo há anos "para abertura" do meu PC

Considerava JGF como derrotista, mas Lisboa parece-me hoje uma cidade que vai perdendo a memória ao mesmo ritmo que vai sendo ocupada pelos alienígenas. 

Fica-nos a luz...


quinta-feira, 1 de junho de 2023

Há livros e livreiros

 
Público, 30 de Maio

Foi uma antiga aluna que me levou pela primeira vez à Ler Devagar.

Óptimo nome, que denuncia uma filosofia em contracorrente à voragem dos dias. Contra os fast books!