terça-feira, 29 de março de 2022

O momento dos Óscares

 

«Maravilhosas
O que irei recordar da noite dos Óscares é este diálogo e a ternura com que Lady Gaga tratou Liza Minneli, lhe segurou na mão e lhe sussurrou a fala ensaiada quando ela parecia esquecer-se do que devia dizer. Um momento de pura bondade a revelar o melhor da espécie humana mas que terá passado despercebido depois das atenções se terem concentrado na insólita agressão a um dos apresentadores.»

Carlos Marques da Silva

E é isto!

Uma mão na mão (em vez de uma mão na cara)


É um... Mistério!

 Parece uma daquelas anedotas... mas não é!



"E a terra treme
E a terra treme
Mas de nada o meu primo se apercebe"

José Afonso, Tenho um primo convexo


segunda-feira, 28 de março de 2022

Teatro - as medalhas ficam, o teatro vai-se...

Ontem foi o Dia Mundial do Teatro. 

Há dias, por todo o seu percurso, tinham sido homenageados 4 nomes de referência do chamado teatro independente, sendo-lhes atribuída a medalha de mérito cultural.

Maria do Céu Guerra, João Lourenço, Jorge Silva Melo (a título póstumo) e Luís Miguel Cintra.

Nos discursos de agradecimento, o que se destaca é a situação em que se encontram as companhias ou as instalações dessas companhias a que estas figuras maiores estão ou estiveram ligadas: teatros à espera de obras (A Barraca), companhias teatrais que desapareceram (A Cornucópia) ou que estão em risco de ficar sem espaço para o desenvolvimento do seu trabalho (Artistas Unidos).

Companhias de teatro que, para além do nome, não conseguem ser independentes (eu sei qual era o sentido do adjectivo, na época em foi adoptado!...).

Uma política cultural de medalhística, mas de fraco apoio à arte.

No orçamento, a Cultura deve continuar abaixo de 1%.


A tranquilidade açoreana

 

Nada melhor do que os Açores para ganharmos tranquilidade e nos passar a irritabilidade.

Mesmo em tempos de convulsão sísmica.
Os açoreanos já estão habituados...


S. Jorge, o sáurio que dorme

«Não sabem como são as fajãs? Imagine-se uma linha de falésias em sucessão ao longo de toda a costa, a norte e a sul da ilha. Para melhor o imaginar, é preciso "ver" a grande muralha verdejante: não inteiramente a pique, antes em declive e em erosão; sobre ela, como um manto de lã tinturada a verde de urze e faia, toda uma coberta vegetal de rara unidade e harmonia. Quando a falésia abate, ou se do alto ela se despenha, formam-se sobre o mar uns terreiros desabados que as forças da natureza moldam e afeiçoam à sua maneira (...). Fajãs são breves territórios postados como esfinges deitadas sobre a linha do mar. Tangidas pela ilha-mãe, vogam como crias ao lado de quem as pariu. As fajãs fazem a pura e inocente beleza de S. Jorge. Sob nomes que tanto lembram Deus como o Diabo: Além, Ouvidor, Cubres, Santo Cristo, a norte; Almas, Vimes, Bodes, Labaçal, ao sul.»

João de Melo, Açores - o segredo das ilhas


Fajã da Caldeira de Santo Cristo

Fajã do Ouvidor

Fajã dos Cubres


domingo, 27 de março de 2022

S. Jorge, estiraçada a outro comprimento

«O mar está espelhado e o céu tão espelhado como o mar, com brancuras de algodão, e nuvens meio adormecidas, orladas de cinzento. Tudo tão branco e parado que parece que o tempo suspendeu a sua marcha. Olho para o mar com rastejados de caracol e pedaços brancos iluminados por dentro. Ao longe vai aparecendo e acompanha-me sempre outra ilha. S. Jorge, estiraçada a outro comprimento. Já percebi que o que as ilhas têm de mais belo e as completa é a ilha que está em frente.»

Raul Brandão, As ilhas desconhecidas

Em primeiro plano, a vila de Velas.
Ao fundo, a ilha do Faial. Sobre a esquerda, a ilha do Pico
Fotografia de 2008, o último ano em que estive em S. Jorge.

No centro do grupo central (mais central era difícil), S. Jorge é um território insular com 56 km de comprimento e apenas 8 km de largura máxima, com uma cadeia de relevos em posição central, criado por uma série de episódios vulcânicos, no seguimento uns dos outros, mas espaçados no tempo. 

A orla costeira é escarpada e alta, erguendo-se verticalmente do mar. Na base das arribas, encontram-se as numerosas fajãs (a que havemos de voltar, porque de Velas e de fajãs agora muito se fala).



S. Jorge, com a ilha do Pico em frente.
Foto de 1994, o ano em que conheci as ilhas.


Como se acerta este relógio?


Relógio de Sol da Ermida de São Miguel de Odrinhas


sábado, 26 de março de 2022

Dia do Cacau

Dizem que hoje (também) é dia do cacau.


Leio que "o consumo do cacau pode ter diversos benefícios para a saúde como melhorar o humor, o fluxo sanguíneo e regular o açúcar no sangue. Além de ser antioxidante, o cacau também é anti-inflamatório e protetor do sistema cardiovascular."

Agrada-me a ideia de beber um cacau quente e ler um livro...


Dia do Livro Português

Iniciativa da Sociedade Portuguesa de Autores, com o objectivo de "assinalar a importância do livro e da língua portuguesa na evolução do saber e do ser da Humanidade".
Li isto algures, porque nem a página da SPA, nem a sua conta do fb assinalam a data. Não se pode falar em modéstia do objectivo, só a propósito do facto de nem o próprio promotor comemorar a data. 

Esta assinalará o início da impressão do primeiro livro em Portugal, na cidade de Faro, no ano de 1487. Não deixa de ser curioso como se sabe essa data (só encontrei referida a data da edição: Junho de 1487). 
Vários sites referem 26 de Março como o dia em que foi impresso o livro - como se, na época, fosse possível a impressão num só dia de um livro com 110 fólios, utilizando tipos metálicos móveis com os caracteres!
O livro foi impresso por Samuel Gacon, um algarvio de origem judaica, e era em hebraico.

O único exemplar conhecido da edição deste livro encontra‑se depositado na British Library, depois de ter sido roubado por Francis Drake (dizem), quando este atacou e saqueou a capital do Algarve em 1587.

Sobre o livro, a sua impressão e a importância dos judeus na imprensa em Portugal, ver Pentateuco de 1487.

A leitura faz-se da direita para a esquerda


É, andei por aí

«É, andei por aí. Com gente, procurando gente, pontes e vales, tem sido assim esta vida.»

Jorge Silva Melo (1948 - 2022), em 2005