domingo, 30 de maio de 2021

Arroz de favas

«(…) E pousou sobre a mesa uma travessa a transbordar de arroz com favas. Que desconsolo! Jacinto, em Paris, sempre abominara favas! … Tentou todavia uma garfada tímida – e de novo aqueles seus olhos, que pessimismo enevoara, luziram, procurando os meus. Outra larga garfada, concentrada, com uma lentidão de frade que se regala. Depois um brado: 
– óptimo!… Ah, destas favas, sim! Oh que fava! Que delícia!»

Eça de Queirós, A cidade e as serras


Acrescente-se o frango alourado...


Arroz de favas no restaurante de Tormes

Arroz de favas cá em casa (menos caldoso...)



Espólio de Alexandre Herculano

A Câmara Municipal de Santarém adquiriu espólio de Alexandre Herculano que esteve em leilão.


«Um acervo substantivo do espólio documental e pessoal de Alexandre Herculano (1810-1877), que a Leiloeira Renascimento acaba de levar à praça, foi adquirido pela Câmara Municipal de Santarém para enriquecimento dos fundos arquivísticos da cidade. O grande historiador e romancista, fundador do Romantismo em Portugal e vulto maior da Cultura do século XIX, viveu e morreu na sua quinta de Vale de Lobos (Azóia de Baixo, Santarém). O espólio agora apresentado - manuscritos anotados de obras suas, projectos e notas de investigação, correspondência pessoal e oficial, e parte de um diário íntimo onde narra as circunstâncias do exílio em França e nos Açores por causa da opressão miguelista - é de uma importância histórica assinalável.» (Vítor Serrão)

O espólio de Alexandre Herculano encontra-se agora dividido entre a Biblioteca Municipal do Porto, a Biblioteca Nacional e, presumo, a Biblioteca Municipal de Santarém (se a Biblioteca Nacional não exercer o direito de preferência, acção que se encontra em final de prazo).



sábado, 29 de maio de 2021

Adeptos do Manchester City na Alfândega... da Fé!...

Não encontro explicações para os confrontos entre adeptos do Chelsea e do Manchester City, após o jogo da final da Champions.

O jornal A Bola online informa que os grupos estavam bem separados: os do Chelsea no Porto, na Avenida dos Aliados, os do Manchester City bem longe, a 185 km de distância por estrada, na Alfândega da Fé. 


E depois dizem que não houve bolhas!...


Discos - Colheita 71 (1)

1971 foi um ano riquíssimo na edição discográfica.

Outros anos haverá (e outros gostos), mas não é fácil superar a qualidade do conjunto de álbuns editados. Encontrei cerca de três dezenas de álbuns incontornáveis - para mim.

Começo com aquele que é considerado por muita gente como o melhor disco português de sempre. Em 1978, o jornal Se7e reuniu um conjunto de 25 críticos e estes elegeram Cantigas do Maio, de José Afonso, como o  Melhor Álbum de Sempre da Música Popular Portuguesa.

Para mim é-o!

Foi o meu segundo álbum em vinil (o primeiro foi Jesus Cristo Superstar), comprado pela minha mãe no Círculo de Leitores, logo depois do 25 de Abril.


Disco proibido pela censura na Emissora Nacional - na Rádio Renascença a única canção permitida era... Grândola, Vila Morena - conhecia-o de ter ouvido em cassete gravada e emprestada por um colega de liceu, em 72-73, com o recado "Ouve, mas não mostres a ninguém!".


A capa desenhada por José Santa Bárbara:



terça-feira, 18 de maio de 2021

Jorge Silva Melo e Luís Miguel Cintra - uma mais que merecida homenagem

Destaque do Público (Ípsilon, do passado dia 14) para a homenagem prestada pela Faculdade de Letras de Lisboa a Jorge Silva Melo e Luís Miguel Cintra, dois criadores notáveis do teatro português, agora doutores honoris causa
Faço meu este reconhecimento a quem persistiu, desde os difíceis anos da ditadura, e persiste, nos difíceis momentos do presente, apostando na cultura e contribuindo, através dessa via, para a nossa plena cidadania.


Uma nota à margem:
No Correio da Manhã, que habitualmente tomo como exemplo de mau jornalismo, encontramos online um excerto da cerimónia.
No DN, não encontrei uma única referência ao acontecimento.


segunda-feira, 17 de maio de 2021

Não sei como dizer-te que a minha voz te procura

Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu ascético escuro e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a minha casa ardesse pousada na noite.
– E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes caem no meio do tempo,
– não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.
Herberto Hélder