Michelangelo Merisi nasceu em Caravaggio, a 29 de Setembro de 1571.
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Conhecido por Caravaggio
"Um revolucionário do seu tempo - um homem perigoso governado pelo génio, pelo excesso e pela cólera - e que teve a cabeça a prémio".
Michelangelo Merisi nasceu em Caravaggio, a 29 de Setembro de 1571.
Michelangelo Merisi nasceu em Caravaggio, a 29 de Setembro de 1571.
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
A vida para além do défice
O caminho faz-se caminhando...
Quando parece que estamos submersos por uma acção política centrada - obcecada - no défice, eis que algumas notícias nos acordam, felizmente, para outras realidades.
O ensino superior e a investigação científica, com todas as limitações, nomeadamente as que foram impostas pelo Governo anterior (e que ainda não acabaram!), vão fazendo o seu caminho e as notícias são muito positivas.
E lembrar os prémios ganhos (ou o reconhecimento internacional) a nível artístico... e também o número de atletas presentes nos jogos olímpicos e para-olímpicos (detesto a designação paralímpicos) e a variedade de modalidades, independentemente do número de medalhas - porque o desenvolvimento da prática desportiva não se mede em medalhas...
Há alturas em que nos surpreendemos porque, em Portugal, há vida para além do défice.
Obsessões
O problema é que Bruxelas pressiona e não quer que a política funcione de maneira diferente.
Impõem-se medidas e depois acusa-se o Governo de não ter sucesso na sua política. Mas a sua política não é completamente sua: resulta das limitações que lhe são impostas!
E hoje houve notícias do FMI.
Do FMI Mau - o que quer mais austeridade e que funciona aos dias pares.
Também há o FMI Bom, que funciona aos dias ímpares e diz que as suas próprias orientações foram excessivas. Mas esse nunca dá ordens!
Isto parece-me um pouco esquizofrénico...
domingo, 18 de setembro de 2016
Como falar dos livros que não lemos?
Perguntem ao Passos Coelho.
«O arquiteto José António Saraiva convidou-me para me associar ao livro que ia fazer e respondi que sim, mesmo antes de conhecer a obra e aceitei fazê-lo. Não sou de voltar com a palavra atrás nem de dar o dito por não dito. Estarei a fazer a apresentação dessa obra» (Passos Coelho)
«Nascido num meio onde se lia pouco e ainda por cima não gostando quase nada de o fazer, e sobretudo sem tempo para me consagrar a semelhante actividade, vi-me frequentemente confrontado, pelas circunstâncias a que a vida tantas vezes nos impõe, com situações delicadas onde era obrigado a expressar a minha opinião sobre livros que nunca tinha lido.»
E o livro tem tudo para cheirar mal!
quarta-feira, 14 de setembro de 2016
Lua
A lua - imagina -
que nem a um poeta
satisfaz!
- Sonâmbula mulher incompleta
com cabeça de menina
e corpo de gás...
José Gomes Ferreira, Eléctrico, in Poesia III
Mundo tão concreto. E tão irreal!
Uma nuvem pequenina
saiu-te dos olhos
e pairou por momentos
no ruído azul
do sol velado...
Depois transformou-se na ninfa do Despenteio ao Vento
e vai agora pelos campos
com cabelos de poeira
e túnica molhada de flores amarelas
(...)
Cansado de tanta lama na Via Láctea,
voltei para a minha nuvem dos Sós Eternos
(...)
José Gomes Ferreira, Eléctrico, in Poesia III
domingo, 11 de setembro de 2016
E Antero se suicidou...
Continuando na onda das efemérides de 11 de Setembro...
Antero de Quental (1842 - 1891) pintado por Columbano |
Contemplação
Sonho de olhos abertos, caminhandoNão entre as formas já e as aparências,
Mas vendo a face imóvel das essências,
Entre ideias e espíritos pairando...
Que é o mundo ante mim? fumo ondeando,
Visões sem ser, fragmentos de existências...
Uma névoa de enganos e impotências
Sobre vácuo insondável rastejando...
E d'entre a névoa e a sombra universais
Só me chega um murmúrio, feito de ais...
É a queixa, o profundíssimo gemido
Das coisas, que procuram cegamente
Na sua noite e dolorosamente
Outra luz, outro fim só pressentido...
Antero de Quental, Sonetos
Actual Pousada da Juventude de Ponta Delgada, aquela que foi
a última morada de Antero quando do seu regresso aos Açores,
a 12 de Junho de 1891. Na época, era o Hotel Brown.
José Rodrigues - como se pensasse com as mãos
José Rodigues segundo Eugénio.
E vice-versa.
«Estava a falar do meu amigo, perdoem-me o desvio: aos vinte e pouco anos o Zé era outra coisa - simpático, barba bem tratada, atelier ali para as Fontainhas, uma maneira fácil e feliz de comunicar, sobretudo com a garotada de S. Vítor, que lhe batia à porta pelo barro com que gostava de brincar. Distante do pesadelo da guerra colonial, ele necessitava daquele desprendimento juvenil, como juvenil era a curiosidade por toda a espécie de material, barro, papel, ferro, pedra, carvão, grafite: tudo os seus dedos procuram aquecer, moldar, como se pensasse com as mãos, o instinto sempre à frente farejando, no rasto da luz ou de um aroma, rente ao chão. Eu passava pelo atelier quase todos os dias ao fim da tarde, morava perto e gostava de o ver trabalhar, além de eu próprio, às vezes, me arrumar para um canto com os meus papéis. São desses dias alguns dos melhores retratos que fez de mim. Depois, como aconteceu à maioria das pessoas, com o 25 de Abril foi-se metendo por toda a parte: Escola, Câmara, teatro, cooperativa, o raio. Mas apesar de tanta dispersão, o José Rodrigues continuava a trabalhar, trabalhava sempre, mesmo depois de quebradas as luzes todas da festa; e era uma alma generosa, e, coisa mais rara ainda num português, era homem de palavra, fazia o que prometera.»
E vice-versa.
«Estava a falar do meu amigo, perdoem-me o desvio: aos vinte e pouco anos o Zé era outra coisa - simpático, barba bem tratada, atelier ali para as Fontainhas, uma maneira fácil e feliz de comunicar, sobretudo com a garotada de S. Vítor, que lhe batia à porta pelo barro com que gostava de brincar. Distante do pesadelo da guerra colonial, ele necessitava daquele desprendimento juvenil, como juvenil era a curiosidade por toda a espécie de material, barro, papel, ferro, pedra, carvão, grafite: tudo os seus dedos procuram aquecer, moldar, como se pensasse com as mãos, o instinto sempre à frente farejando, no rasto da luz ou de um aroma, rente ao chão. Eu passava pelo atelier quase todos os dias ao fim da tarde, morava perto e gostava de o ver trabalhar, além de eu próprio, às vezes, me arrumar para um canto com os meus papéis. São desses dias alguns dos melhores retratos que fez de mim. Depois, como aconteceu à maioria das pessoas, com o 25 de Abril foi-se metendo por toda a parte: Escola, Câmara, teatro, cooperativa, o raio. Mas apesar de tanta dispersão, o José Rodrigues continuava a trabalhar, trabalhava sempre, mesmo depois de quebradas as luzes todas da festa; e era uma alma generosa, e, coisa mais rara ainda num português, era homem de palavra, fazia o que prometera.»
Eugénio de Andrade, É sempre escura a sombra
sábado, 10 de setembro de 2016
José Rodrigues
Morreu José Rodrigues, "homem de muitas artes", com destaque para a escultura.
Foi um dos fundadores da Cooperativa Cultural A Árvore e promotor da Bienal de Vila Nova de Cerveira.
Trabalhou na ilustração de livros de Eugénio de Andrade, Jorge de Sena e Vasco Graça Moura e em muitas outras coisas.
A sua fundação está instalada na Fábrica Social (Porto), uma antiga fábrica de chapéus depois (início do século XX) fábrica de tecidos, onde montou o seu atelier cerca de 1980 - uma "fábrica das artes".
Foi um dos fundadores da Cooperativa Cultural A Árvore e promotor da Bienal de Vila Nova de Cerveira.
Trabalhou na ilustração de livros de Eugénio de Andrade, Jorge de Sena e Vasco Graça Moura e em muitas outras coisas.
Eugénio de Andrade por José Rodrigues |
A sua fundação está instalada na Fábrica Social (Porto), uma antiga fábrica de chapéus depois (início do século XX) fábrica de tecidos, onde montou o seu atelier cerca de 1980 - uma "fábrica das artes".
Recuperou e adaptou o Convento de S. Paio (Vila Nova de Cerveira) a atelier, transformando-o em centro cultural com exposições permanentes (desenho, escultura, arte sacra) e onde são organizados workshops, conferências e concertos.
Foi aí que descobri as suas esculturas... se exceptuarmos o imponente cervo em ferro que domina o Monte do Crasto, em Vila Nova de Cerveira, no miradouro de onde se observa uma deslumbrante paisagem sobre o rio Minho. Aliás, do próprio espaço do Centro Cultural se pode vislumbrar um magnífico panorama sobre o rio.
1998 - quando estive junto ao cervo pela primeira vez, numa viagem de finalistas com as turmas 9.º 5 e 9.º 7 |
terça-feira, 6 de setembro de 2016
Está de escachar! Derrete os untos!
«- Sim, está de escachar!
(...) Entrei no quarto atordoado, com bagas de suor na face. E debalde rebuscava desesperadamente uma outra frase sobre o calor, bem trabalhada, toda cintilante e nova! Nada! Só me acudiam sordidezes paralelas, em calão teimoso: "é de rachar"!, "está de ananases"!, "derrete os untos"!... (...)»
(...) Entrei no quarto atordoado, com bagas de suor na face. E debalde rebuscava desesperadamente uma outra frase sobre o calor, bem trabalhada, toda cintilante e nova! Nada! Só me acudiam sordidezes paralelas, em calão teimoso: "é de rachar"!, "está de ananases"!, "derrete os untos"!... (...)»
Eça de Queirós, Correspondência de Fradique Mendes
domingo, 4 de setembro de 2016
Na Festa do Avante, há 40 anos
Estive na primeira, na antiga FIL (em Alcântara), há 40 anos (e em muitas outras, enquanto se realizaram na margem Norte - logo havia de "desistir" quando passou para a Amora, no lado de lá...).
Ainda recordo os militantes mais velhos vindos da província, sentados na bancada central, em frente ao palco, aguardando os discursos políticos e mandando os técnicos pôr o som dos Area mais baixo.
Ainda recordo os militantes mais velhos vindos da província, sentados na bancada central, em frente ao palco, aguardando os discursos políticos e mandando os técnicos pôr o som dos Area mais baixo.
Ainda era o tempo (apesar dos meus 18) em que a minha mãe se preocupava por eu chegar tarde a casa...
Homenagem a Mário Cláudio
No seu Porto, no seu Jardim do Palácio de Cristal...
Aquele que é, para mim, o melhor escritor português vivo.
É certo que há o outro Mário, o Carvalho, mas...
Leia livros [de ficção] para uma vida longa
«(...) um estudo científico comprova as vantagens físicas da leitura. Uma investigação levada a cabo pela Universidade de Yale, com 3635 participantes, concluiu que os leitores de livros de ficção (jornais e revistas não tinham o mesmo efeito), viviam em média mais dois anos que os restantes. Embora não saiba explicar o motivo de tal relação, Rebecca Levy, autora do estudo, afirmou que quem relatava ler livros nem que fosse meia hora por dia tinha maiores probabilidades de sobrevivência do que as que não liam.»
Maria Isabel Barreno (1939-2016)
«Não é só um escritor, é um escritor com quem eu escrevi, e uma pessoa quando escreve com alguém é para sempre, é eterno, não há nada a fazer. A nossa eternidade é que, pelos vistos, como se vê pela Isabel, é muito curta.»
Maria Teresa Horta
(sobre Maria Isabel Barreno)
Maria Isabel Barreno, entre M.ª Teresa Horta e M.ª Velho da Costa
As Três Marias